sexta-feira, 17 de maio de 2013

O lápis – parte 3


A caminho da escola o menino insistiu que queria ver o filme do Van Gogh inteiro e a mãe até desconversou. Os irmãos foram entregues no portão e entraram para curtir a tarde ensolarada. Mas, o pacotinho voltou resignado com o assunto na cabeça e indicando o dedo enrolado no curativo disse: “Mãe, foi a mesma coisa que aconteceu comigo ontem a noite, não foi?”. Mãe constrangida responde rapidamente “Não! Imagina, a sua loucura foi a do sono!” espantada com a conexão. A noite, quando o pai chegou em casa o primeiro pedido do menino foi para que o pai procurasse o filme na internet e meio envergonhado pediu que a mãe explicasse a relação com o corte no dedo. Sensibilizado o pai partiu na missão para descobrir o filme. Meio que enrolando, disse que não sabia direito o nome, tinha que procurar na programação... O pacotinho foi direto: Van Gogh Pintando Com Palavras!”

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quinta-feira, 16 de maio de 2013

O lápis – parte 2



No dia seguinte não se tocou no assunto, mas assim que o pacotinho viu o tal do apontador entre os materiais de trabalho olhou para a mãe e alertou “Olha ele ai mãe!”- entendendo o recado e tirou o dito cujo de circulação. Mais tarde, depois do almoço, o pacotinho pediu um band-aid novo e ficou de bobeira na frente da televisão quando se deparou com o documentário sobre o pintor Vincet Van Gogh, a história começava pela trágica cena da orelha cortada. O menino já conhecia o evento por ter visto alguns quadros do pintor no MASP incluindo o auto retrato sem a orelha. Atento ao filme, o pacotinho ouviu que ele havia feito isso por sofrer de esquizofrenia e o desenrolar soturno da história foi desligado e o menino seguiu para a escola.


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quarta-feira, 15 de maio de 2013

O lápis - parte 1


Pacotinho ganhou um jogo de lápis de cor com 36 cores e ficou fascinado com a variedade de tons vermelhos, laranjas, verdes e azuis, entre eles o seu favorito, o cobalto. Também ganhou um apontador de lápis novo, com dois furos. Dois dias depois, cansado e com sono, brincando na cama, assistindo o Sitio do Picapau Amarelo pela 100ª vez, o menino brincava com o apontador, não resistiu a atração dos buraquinhos (Freud explica), e acabou apontando o próprio dedo! Foi um escândalo! Meio em transe, meio acordado gritava e apertava o pobre o dedo que foi ficando roxo azulado esguelando desesperado. Socorrido pelo pai, o menino colocou um band-aid na ponta do dedo, que ficou pontudo de verdade (lascou uma unha e abriu um pedacinho da pele), se acalmou e finalmente dormiu.

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